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ERRO HUMANO


O Impacto do Elemento Humano em Acidentes


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Roger L. Brauer [1] analisa a questão da influência do elemento humano na segurança, considerando que existem duas causas básicas para acidentes:  condição insegura e ato inseguro.  Para ele os engenheiros lidam principalmente com as condições inseguras.  O maior papel dos engenheiros é a prevenção através do reconhecimento e controle de perigos através do projeto de equipamentos, ambientes, veículos e instalações industriais que reduzam as condições inseguras.

Prevenir atos inseguros freqüentemente é visto mais como um problema individual de cada pessoa.  Entretanto raramente uma condição insegura ou um ato inseguro é identificado como causa única de um acidente, uma vez que a causa e a correção de um cenário acidental envolve a interação de ambos, condição e ato inseguros.  Para reduzir acidentes através da prevenção contra atos inseguros, deve-se evitar comportamentos que levam a acidentes.  Os projetos precisam atenuar os efeitos dos atos inseguros na cadeia causual do acidente.  Para que os engenheiros possam lidar com atos inseguros e suas consequencias em acidentes, é necessário o entendimento e estudo do comportamento humano.

Os engenheiros podem contribuir para a disseminação do comportamento seguro desde o projeto básico,  incorporando conceitos de fatores humanos, projetando equipamentos e instalações que eliminem margens operacionais que gerem a necessidade de comportamentos inseguros por parte dos futuros usuários e operadores.  Os engenheiros projetistas precisam entender bem o comportamento humano, a capacidade humana e as limitações das pessoas e grupos.  Através de projetos ajustados para as pessoas ao invés de esperar que as pessoas se ajustem aos seus projetos, os engenheiros podem reduzir o peso dos atos inseguros na equação de fatores que somados causam os acidentes.

É fundamental bons procedimentos e treinamento.  Há métodos que possibilitam a identificação de comportamentos corretos e seguros para várias operações de engenharia.  As características das pessoas e a sua correlação com as características do projeto podem ajudar a minimizar o impacto do comportamento humano nos acidentes.

 

Comportamento Humano e Segurança

Roger L. Brauer [1] abordou a questão da influência do comportamento humano na segurança especialmente como fator causal para acidentes. Há pessoas que parecem que dificilmente irão se acidentar, enquanto que outras pessoas parecem parte de um acidente prestes a acontecer.  O comportamento humano é muito complexo e não é totalmente previsível.  

Frequentemente o comportamento contribui para o acidente.  Mas o comportamento humano é afetado por inúmeros fatores, incluíndo condições psicológicas, bioquímica, saúde geral, relacionamento com os demais, desejos pessoais, objetivos e assim por diante.  Existem muitas teorias sobre o comportamento.  Algumas são teorias descritivas que permitem a caracterização e classificação de uma pessoa a partir da observação do seu comportamento.  Outras teorias são preditivas:  tentam prever o que uma pessoa irá fazer a partir das informações sobre seu passado, o ambiente em que se insere ou atributos internos.  As informações são obtidas por meios introspectivos, subjetivos e também objetivos.

Os primeiros teóricos acreditavam que o comportamento humano tinha origem apenas biológica.  Algumas teorias relatam observações sobre o comportamento humano considerando-o como o resultado do instinto, hábitos e reflexos condicionados a partir de um estímulo.  Mais tarde, outros teóricos voltaram-se aos elementos subjacentes de cada indivíduo que não eram acessíveis pelas teorias iniciais.  Ainda outras teorias consideram que a junção de muitos fatores leva ao comportamento humano:  características herdadas, características adquiridas,  a influência dos fatores ambientais, etc.   As características hereditárias podem ser tanto fisiológicas como psicológicas.  Os fatores ambientais podem ser o resultado do acúmulo de experiencias e situações particulares, ou as condições do ambiente propriamente dito, cada qual em seu tempo.  Os principais aspectos considerados nas teorias sobre o comportamento humano são:  motivação, julgamento, emoção, atitude, opinião, crenças e diferenças individuais.

Com relação à segurança, a questão comportamental passa pelas respostas às duas perguntas:  Porque pessoas fazem atos inseguros ?  Como alguém pode se prevenir para que atos inseguros não ocorram ?  O entendimento sobre o comportamento humano fornece pistas para um bom gerenciamento destas questões o qual requer conhecimentos sobre:  educação e formação para o trabalho, execução prática de tarefas, engenharia associada ao trabalho e ambiente, comunicação, feedback sobre falhas e acertos, análise de segurança, habilidade individual para assumir riscos, bio-rítimo, influência de alcool e drogas.

 

Projetando para o Comportamento Humano

Roger L. Brauer [1] enfatiza sobre as muitas maneiras de se remover ou reduzir os perigos através de um bom projeto.  Às vezes os engenheiros se esquecem de considerar a capacidade e as limitações dos usuários, ou o comportamento do usuário, ou ainda o ambiente do usuário.  Entender pessoas e seus comportamentos é um elemento fundamental para um bom projeto.

Projetar para o comportamento humano exige a antecipação do que é previsivelmente requerido para as atividades futuras.  A definição sobre o que é “previsivelmente requerido” necessita de conhecimento sobre o que as pessoas fazem nas diferentes circunstâncias.  

Projetar com foco nas pessoas exige antecipar as informações sobre as faixas etárias envolvidas e suas capacitações.  Os usuários serão adultos normais?  Os usuários terão alguma limitação física ou mental?  Que tipos de limitações seriam estas?  Eventualmente poderá haver crianças envolvidas?  Os usuários serão altos, baixos, com sobrepeso, magros?  Os campos de fatores humanos e ergonomia identificam inúmeras características e limitações de usuários e de como projetar considerando sua interferência no sucesso e segurança do projeto.  Lidar com este tipo de problema em projetos de engenharia requer a análise e identificação dos comportamentos potenciais e dos erros em comportamentos que conduzam a acidentes e perdas humanas e materiais.


 

Analfabetismo Tecnológico como Ameaça à Segurança


Um problema comportamental que ameaça as sociedades tecnológicas é a disparidade entre produtos que dependem da tecnologia para funcionar e o ambiente em que se inserem.  Essa disparidade ocorre tanto do ponto de vista da disponibilidade de tecnologias associadas ao produto,  requeridas para o bom funcionamento do equipamento, bem como do ponto de vista da capacitação mínima do usuário para que possa entender e utilizar o produto.  É o que acontece, por exemplo, com usuários de telefones celulares em locais com indisponibilidade de rede, ou quando o usuário não conhece as funcionalidades tecnológicas e tem dificuldade de usar o aparelho.

Não só estes produtos, mas a maioria dos projetos de engenharia atuais depende destes fatores de disponibilidade e capacitação tecnológica para funcionarem e também para que esse funcionamento seja seguro.  O progresso tecnológico requer o aumento do nível de conhecimento e habilidade dos usuários.  Como resultado alguns usuários tem habilidades e conhecimentos para manter a segurança do trabalho mesmo com novos dispositivos enquanto que outros não entendem por completo a tecnologia envolvida e por isso desconhecem os perigos em potencial associados à nova tecnologia envolvida na máquina. 

O nível social e econômico influencia no grau de analfabetismo tecnológico devido ao menor acesso à tecnologia oferecido às camadas sociais mais baixas.  Neste contexto, os projetistas têm um grande desafio.  Eles precisam produzir produtos, sistemas e ambientes seguros que incorporam cada vez mais tecnologia, mesmo para aqueles que possuem pouco conhecimento tecnológico ou pouco entendimento sobre os recursos tecnológicos disponibilizados pelo projeto; e mesmo para ambientes cuja disponibilidade de tecnologias associadas seja baixa.  O reconhecimento de perigos, os julgamentos, a tomada de ações corretivas não podem ser deixadas por conta de usuários despreparados.  Isto é fundamental generalizadamente desde produtos como um telefone celular que pode, por exemplo, não ter como funcionar numa determinada região devido a sua tecnologia (3G, 4G) ou ainda pode ter condição de funcionar, mas suas funções serem de difícil entendimento por parte dos usuários tecnologicamente menos instruídos.  O problema também pode acontecer com super navios com capacidades imensas de carga, mas que se forem operados em portos sem o conhecimento tecnológico adequado para seu carregamento podem se acidentar durante o recebimento da carga. Levar alta tecnologia para países de terceiro mundo, ou a públicos despreparados, pode sujeitar grande número de pessoas a risco ignorado se o projeto não tiver uma abordagem de segurança específica para essas situações regionais ou se não houver treinamento adequado para o uso destas novas tecnologias.



[1] Roger L. Brauer, Copyright 2006, Safety and Health for Engineers, Second Edition,  John Wiley & Sons, Inc.

O sucesso de um empreendimento tecnológico está associado ao respeito aos fatores humanos, ambientais, econômicos e sociais que estão sob sua influência. Bons valores estabelecem a boa Cultura de Segurança !