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COMO SOBREVIVER A UM INCÊNDIO


Faça Sua Parte, Esteja Sempre Preparado

ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA


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ENTENDER O QUE ESTÁ ACONTECENDO

O que mais contribui para o sucesso de uma pessoa frente a um acidente é o grau de conhecimento que essa pessoa tem sobre os fatos que estão em andamento.  Quanto mais informações sobre o que está acontecendo, maiores as chances de agir corretamente.  Quanto mais consciente de uma estratégia de escape e abandono, maiores as chances de sobreviver.  Entender o que está acontecendo começa bem antes da emergência.  Começa quando nós adquirimos uma cultura permanentemente relacionada com a segurança, a qual nos mantenha sempre atentos e mais preparados.  O tempo é um fator decisivo em caso de incêndio. É necessário analisar previamente as opções de escape e abandono, identificar antecipadamente as saídas, pensar sobre possíveis estratégias, manter constante atenção sobre o que está acontecendo e se permitir imaginar o que poderia ser feito numa situação de emergência.  Quem age assim está mais preparado para sobreviver. 

 

PERCEBER RÁPIDO QUE EXISTE UMA EMERGÊNCIA

Estar atento aos alarmes e sinais suspeitos como fumaça, sirenes, ruídos, sons e calor pode fazer diferença decisiva.  Os mais atentos tem mais chances de reagir num tempo menor.  Segundos a mais no tempo de reação podem fazer diferença em caso de incêndio.

 

TER UM PLANO PRÉVIO MAS NÃO SE LIMITAR A ELE

Instalações industriais, edificações, aeronaves e embarcações em geral possuem um plano de escape e abandono.  Mesmo que você não conheça esse plano formalmente, a sinalização, as portas e os corredores podem indicar uma estratégia.  Independentemente do grau de informação sobre os planos de escape e abandono, sempre considere uma estratégia previa sobre como sair do local em que se encontre.  Alguns ambientes não possuem planos de escape, como florestas, cavernas e ambientes naturais mas mesmo assim é importante estabelecer uma estratégia mínima para o caso de precisar sair rápido.  E quando a emergência propriamente dita acontecer, reavalie seu plano prévio considerando os fatos reais que estão presentes no cenário da emergência.  Nunca se limite apenas a seguir regras e planos previamente estabelecidos.  Todo  acidente inclui fatores imprevistos e específicos.  Os planos, procedimentos e regras são as melhores referências para se chegar a atitude correta, mas não são em si garantia absoluta de sobrevivência.  O entendimento do cenário real pode e deve corrigir os planos e regras previamente estabelecidas.

 

TENTAR IDENTIFICAR A DIREÇÃO DE ORIGEM DO FOGO

Antes de iniciar o escape e abandono tente identificar de que lado está o incêndio.  Pode ser que esteja progredindo no mesmo piso.  Pode também estar vindo de cima ou de baixo.  Fumaça e calor tendem a subir e observar isso pode ajudar a identificar a direção de onde vem o incêndio para que seja evitada.

 

NA DÚVIDA SAIA

Caso haja indício ou suspeita de um incêndio, não hesite:  siga o plano prévio e saia !  Depois verifique se realmente trata-se ou não de uma emergência.  O máximo que vai acontecer é ter que retornar ao seu local de origem.  Por outro lado, se realmente for um incêndio e a pessoa hesitar, irá logo ter toda a certeza que se trata de uma emergência mas poderá ser tarde demais.

 

ESTAR PREPARADO PARA ESCAPAR RÁPIDO

Na hora em que se percebe o incêndio o efeito surpresa causa um impacto emocional sobre as pessoas envolvidas.  A ideia inicial é sair, mas o ambiente emocional pode tornar difícil a simples localização da chave da porta.  Portanto, é recomendável manter as saídas disponíveis.  Por exemplo, manter as chaves na própria porta agiliza o processo, principalmente se houver fumaça.  O mais importante é priorizar a vida sempre, ao invés de documentos e valores.  Se algum item essencial precisar ser levado (como por exemplo um medicamento, óculos), este por sua importância deverá ser mantido previamente em local de fácil acesso junto ao interessado ou próximo à porta, porém a regra principal é que nada tem mais valor do que a vida.

 

FUMAÇA

Simulações computacionais e investigações de acidentes mostram que a fumaça causa mais vítimas do que o fogo direto.  Muitas vítimas, antes das queimaduras perdem os sentidos devido a fumaça.  Uma toalha molhada sobre a cabeça pode prover um tempo extra de resistência em um ambiente com fumaça. Se for fácil e rápido, entre debaixo do chuveiro com roupa antes de sair porque isso também ajuda em relação ao calor.  Em geral a fumaça tende a subir, ou seja, próximo ao piso é mais provável de se respirar melhor.  Fumaça negra e muito densa também cria um problema muito importante mas que muitas vezes é esquecido:  perda de visibilidade. Não raramente ambientes podem estar parcialmente tomados por fumaça negra apenas na parte superior.  Como as pessoas estão com a cabeça dentro da fumaça negra, não enxergam, ficam desorientadas como cegos e acabam respirando essa fumaça negra em geral letal e de rápido efeito.  Basta abaixar-se para a pessoa perceber que a nuvem de fumaça negra está apenas na parte superior enquanto é possível respirar e se deslocar abaixado por mais tempo.  Infelizmente pessoas podem permanecer confusas e serem asfixiadas, mesmo com fumaça apenas na metade superior do local.  Portanto em caso de fumaça negra, o mais provável é que junto ao piso as condições sejam melhores para a sobrevivência.  Manter uma lanterna disponível junto aos locais de saída podem ajudar a avançar melhor contra a fumaça.  Conhecer as saídas de emergência, percorrê-las com certa frequência também faz diferença.

 

NÃO DEIXE PESSOAS PARA TRÁS

Um erro é sair para ver o que está acontecendo e deixar pessoas para trás sem comunicação.  Se realmente estiver acontecendo um incêndio a velocidade de progressão pode ser tão rápida que torne impossível o retorno para avisar as pessoas que ficaram para trás.  Isso pode gerar pânico e desespero, fazendo com que a pessoa tente retornar em meio a um incêndio impossível de ser enfrentado.  O melhor a fazer é sair em grupo, todos juntos.  São raros os casos de existirem rádios autônomos independentes capazes de garantir a comunicação durante o incêndio.  Mesmo nestes casos, o melhor é saírem todos juntos para evitar perda de tempo precioso em um incêndio.

 

ELEVADORES

Os elevadores mais modernos possuem uma programação automática para incêndio, que ao ser acionada faz com que a cabine desça para o térreo e abra a porta.  Isso significa que se a pessoa estiver no elevador e a programação for iniciada, basta aguardar que o elevador chegará ao térreo e abrirá as portas.  Porém há incêndios que interrompem a energia elétrica subitamente sem tempo hábil para a programação ser realizada.  Neste caso é preciso ter certeza de que está havendo uma emergência envolvendo fumaça e fogo antes de tentar agir.  Se for necessário tentar sair, opte pela saída de emergência no teto do elevador e se não estiver disponível tente liberar a porta principal.  Mas esta é uma situação extrema que deve ser evitada ao máximo pois envolve grandes riscos.  O melhor a fazer é aguardar ajuda externa pois em caso de incêndio um dos primeiros locais a serem atendidos pelos bombeiros são os elevadores.  Mesmo sem energia elétrica os bombeiros e técnicos especializados podem descer o elevador através de mecanismo existente na sala de máquinas.

 

ENERGIA ELÉTRICA É CORTADA

Uma das primeiras ações a serem tomadas no combate a um incêndio é cortar a energia elétrica para reduzir a propagação do mesmo.  Muitas vezes o incêndio se inicia por um curto circuito que desliga o fornecimento de energia automaticamente mesmo antes de um agente externo executar essa tarefa.  Portanto, opte sempre pelas escadas, mantenha em local de fácil acesso lanternas disponíveis e carregadas.

SPRINKLERS ATUAM AUTOMATICAMENTE

Alguns locais possuem redes de sprinklers, que são chuveiros aspersores que possuem uma ampola ou dispositivo bloqueando permanentemente a saída de água.  No caso de prédios, os sprinklers em geral funcionam a partir do momento em que as ampolas sejam rompidas pela elevação da temperatura.  Somente onde haja calor, a água irá ser liberada.  Isso ajuda a economizar a água do reservatório durante o incêndio.  Por isso alguns sprinklers podem estar liberando água outros não.  Onde os sprinklers estiverem liberando água, significa que a temperatura atingiu o limite máximo previsto.  Se num determinado local for possível identificar uma área com sprinklers liberando água e outra área com os sprinklers intactos, possivelmente o fogo estará mais próximo dos sprinklers que estão abertos.  Existem também outros tipos de aspersores que utilizam outros fluidos diferentes da água para combater o incêndio.  Um cuidado especial deve ser adotado quando houver a identificação de uso de “CO2”.  Locais protegidos por aspersores de “CO2” precisam ser desocupados antes que esse gás comece a ser liberado.  Em geral há alarmes e avisos antes da liberação do “CO2” para que as pessoas saiam do local porque podem ficar asfixiadas.  Esse tipo de proteção tem sido substituído gradativamente, mas alguns locais como museus, bibliotecas, cofres de documentações, salas com componentes eletro eletrônicos, podem ainda utilizar o “CO2”.  O objetivo é que a água não danifique as obras de arte, documentos e equipamentos mas atualmente existem outros fluidos que também evitam estes danos e não causam asfixia.

CRIANÇAS E LIMITAÇÕES DE LOCOMOÇÃO

Se alguém tem limitações físicas mesmo que transitórias, meios de suporte devem ser providos antecipadamente para facilitar o escape e abandono.  Existem cadeiras de rodas não sofisticadas, de funcionamento puramente mecânico que permitem descer escadas.  Crianças pequenas devem ser levadas no colo e com o rosto próximo ao do adulto.  Assim as condições de respiração para ambos serão as mesmas.  Frequentemente pessoas que estão socorrendo outras instintivamente buscam o ar de melhor qualidade mas não atentam que há alguns centímetros de distância o ar pode estar irrespirável para quem está sendo socorrido.

 

PORTAS

Antes de abrir uma porta observe a temperatura na superfície e se há passagem de fumaça.  Em alguns casos, se do outro lado o fogo estiver intenso, uma vez aberta a porta esta não conseguirá mais ser fechada.

 

NÃO SIGA GRUPOS POR SEGUIR

Esteja consciente de suas ações.  Não siga um grupo apenas por seguir, principalmente se não existia treinamento prévio e uma estratégia definida para isso.  Grupos muito grandes sem treinamento enfrentam dificuldades de comunicação, o primeiro não consegue falar com o último e se o primeiro perceber que é preciso voltar os últimos poderão estar forçando o grupo para frente gerando confusão.  O melhor é o treinamento prévio, mas se isso não tiver acontecido permaneça no grupo enquanto a estratégia se mostrar coerente.  Apesar da situação caótica, quanto mais consciente sobre os seus atos maiores as chances da pessoa sobreviver.

 

NÃO PERCA TEMPO COMBATENDO O INCÊNDIO

Ao perceber que o fogo está fora do controle, priorize sair e deixe a tarefa de combate para os bombeiros profissionais e brigadistas.  Utilize o sistema de combate a incêndio, extintores, mangueiras, etc, para abrir caminho para sair.

Priorize Sair, Deixe o Combate para Profissionais

 

 

EVITE O CONFINAMENTO

Não fique em locais confinados se há opção de saída.  A hora de tomar a decisão de sair é enquanto as saídas estão disponíveis.  Fuja de ficar confinado mesmo que isso pareça seguro.  Só considere a possibilidade de um abrigo confinado em último caso.  Mas se não houver opção e for inevitável o confinamento, tente identificar o ponto com a melhor condição de ar e proteja-o como puder.  Apesar de ser arriscado, alguns pontos podem sim resistir ao incêndio por um bom tempo.  Observe se está havendo um avanço progressivo do fogo e fumaça em direção ao local.  Caso positivo tente forçar a saída pelo lado oposto.  Janelas são uma opção em situações extremas.  Em alguns casos é possível passar entre janelas e varandas.  Se isso for necessário concentre-se em onde firmar mãos e pés, e tenha em mente que se não houvesse a influência da altura talvez você fizesse os mesmos movimentos em uma aula de ginástica.  Se previamente for possível manter algum equipamento como corda e pontos de fixação próximos da janela, esta será uma ação proativa que ampliará bastante as chances de sobrevivência.

 

NÍVEL ELEVADO DE CONSCIÊNCIA

Tenha em mente antecipadamente as regras de escape e abandono sobre o local onde você se encontra.  Mas considere também os fatos que estão acontecendo no momento real do acidente para corrigir e ajustar o plano original se isto for necessário. Seguir regras cegamente é pior do que desobedecê-las conscientemente.

 

AJUDE OUTRAS PESSOAS

Apesar da gravidade do estado emocional gerado durante um incêndio, tente pensar nos outros também.  Evite gerar conflitos na hora do escape.  É totalmente normal acontecerem divergências, tensão e até brigas.  Isso leva a perda de tempo, nervosismo e em termos práticos criam congestionamentos e pânico.  Mantenha o senso de companheirismo e evite discussões danosas que só irão agravar o ambiente emocional da emergência.  Ajude outras pessoas a sobreviverem mas não se deixe contagiar pelo pânico de outrem.  Mantenha sua atitude positiva e determinada em sobreviver em meio a um desafio extremo.  As atitudes de ajuda só tem sentido quando aumentam o número de sobreviventes, não o de vítimas.  Um grupo com ambiente de sobrevivência mútua tem mais chances do que um “cada um por si” desesperado.  Mas nem sempre o grupo está certo em suas decisões e em alguns casos pode ser necessário não seguir o grupo.  Saiba que essa é uma decisão pessoal e você não poderá obrigar outros a concordarem com você e muito menos você poderá deixar de assumir a total responsabilidade e as consequências da sua decisão.


SORTE ?

Existem inúmeros relatos de sobreviventes de incêndios e de outros tipos de acidentes que não tiveram nenhuma preparação, orientação, reação ou atitude frente a emergência e mesmo assim sobreviveram.  Há casos de recém nascidos e pessoas que estavam dormindo e que foram os únicos sobreviventes dentre dezenas e até centenas de vítimas fatais.  Investigando esses casos, percebe-se que muitas atitudes, escolhas e decisões inconscientes foram tomadas de modo a resultar na perfeita conjugação de todos os fatores para que aquela pessoa específica sobrevivesse.  O fato relevante é que para esses raros sobreviventes tudo aconteceu por “sorte”, mas para a maioria de milhares de pessoas que sobreviveram em todos incêndios e tragédias, a sobrevivência veio de atitudes, escolhas e decisões corretas tomadas com um mínimo de consciência e que fizeram a grande diferença entre viver e morrer.  Não acredito na sorte.  Acredito em Deus, seus mistérios e na capacidade concedida ao homem de lutar pela vida.


O sucesso de um empreendimento tecnológico está associado ao respeito aos fatores humanos, ambientais, econômicos e sociais que estão sob sua influência. Bons valores estabelecem a boa Cultura de Segurança !