Mesmo as Melhores Infraestruturas não Evitam as Consequências de Catástrofes Naturais
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Em meio aos esforços de recuperação durante a passagem da supertempestade Sandy, o Governador do Estado americano de New Jersey Chris Christie fez a seguinte declação: “não
existem meios de resposta suficientes para algo como o que eu vi na noite
passada” (CNN Anderson Cooper), referindo-se ao impacto da supertempestade
Sandy na costa leste americana. Apesar de
se tratar de uma declaração que possa ter uma influência política, em termos de
gerenciamento de riscos está tecnicamente correta considerando-se o histórico de
grandes catástrofes naturais como terremotos, vulcões, furacões, nevascas e maremotos
entre outros. Diante da expectativa de
eventos dessa gravidade o verbo “superar” é tecnicamente mais adequado do que o
verbo “evitar”.
Mesmo
as regiões com a melhor infraestrutura do planeta como Europa e Estados Unidos
ou as sociedades com os mais elevados níveis de preparação para catástrofes
naturais como o Japão, não conseguem viabilizar meios que possam evitar as
consequências desastrosas destes eventos naturais. É o que foi registrado no caso do Furacão
Katrina que em 2005 atingiu os Estados Unidos, das nevascas do inverno de 2010
que paralizaram a Europa e o terremoto e tsuname do Japão em 2011.
Catástrofes
naturais como a supertempestade Sandy são fenômenos que envolvem uma quantidade
extremamente elevada de energia e a sua ocorrência bem como a extensão de seus
efeitos dificilmente conseguem ser previstas com grande antecedência. É surpreendente para alguns cientistas que
mesmo com toda a tecnologia e os mais poderosos computadores, estas ferramentas
ainda não sejam boas para a modelagem computacional de fenômenos natuais tão complexos. As consequências da supertempestade Sandy
resultaram da interação de 3 enormes massas atmosféricas, com deslocamentos
diferenciados em velocidades, energia e temperaturas próprias. Um cenário complexo demais para ser simulado
previamente, mesmo com a tecnologia do século XXI.
BRASIL
Quando
catástrofes como a supertempestade Sandy promovem a destruição em cidades como
Nova York, alguns poderiam logo perguntar:
imagine se isso acontecesse no Brasil ?
Regiões desenvolvidas como Estados Unidos, Europa e Japão em geral
possuem uma infraestrutura de resposta mais estruturada e organizada, mas em se
tratando de eventos naturais dessa proporção, o Governador de New Jersey Chris
Christie está certo em dizer que nada ou muito pouco pode ser feito para evitar
os enormes danos às cidades. Nenhuma
infraestrutura é perfeita e comparando com o Brasil, há até pontos
questionáveis como a tecnologia de casas construídas em madeira, muito disseminada nos
USA, sendo menos resistentes do que as casas brasileiras que em geral são de alvenaria. Talvez o aspecto mais importante para a
superação da catástrofe seja a preparação da população para desenvolver uma
atitude frente a esse tipo de adversidade.
Equipamentos e estruturas físicas em geral não conseguem funcionar em
situações extremas dessa magnitude. O
Governador Christie chegou a afirmar que não seria possível realizar resgates, prestar
socorro pois nenhum equipamento conseguia ser mobilizado durante o evento e o
melhor que deveria ser feito seria cada pessoa se manter em local seguro até que
o evento natural se abrandasse.
Outro
aspecto importante é que grandes cidades como Nova York, Rio de Janeiro e São
Paulo, apesar de terem mais estrutura de resposta também são mais vulneráveis
porque possuem sistema de transporte mais crítico, maior movimentação de
pessoas, maior dependência de alimentação elétrica, etc. As grandes cidades brasileiras têm evoluído
bastante no sentido de se estruturarem para oferecer resposta às catástrofes
naturais. A população brasileira não tem
o mesmo nível de preparação que a população japonesa para reagir em eventos
como esses, mas por outro lado é inegável o elevado espírito de solidariedade e
mobilização o que em situações caóticas podem fazer grande diferença.
Não
seria justo, em situações de catástrofes naturais, atribuir apenas às autoridades
a responsabilidade para reduzir o impacto da destruição. Nem mesmo as seguradoras conseguem viabilizar coberturas para esses tipos de evento. O que realmente faz a diferença é uma
sociedade preparada para a adversidade.
Entende-se por adversidade algo que inevitavelmente afetará pessoas,
patrimônio e meio ambiente. Uma
população consciente, incluindo-se nela suas autoridades, adotam uma cultura de
segurança desde a construção adequada dos edifícios, meios de drenagem e
provimento de equipamentos de resgate, socorro e evacuação. Somente uma cultura de segurança nesse nível
aliada a uma atitude de solidariedade e mobilização frente à adversidade, dá a
uma população a capacidade de superação de catástrofes naturais dessa
magnitude.
Ao contrário do que alguns possam afirmar, o Brasil possui capacitação técnica, e características de comportamento coletivo importantes para o sucesso frente a uma catástrofe natural. Cabe a cada setor da sociedade fazer a sua parte coordenando estes recursos e manterndo nossas cidades preparadas para prover a superação frente a adversidade quando isso for requerido.
Ao contrário do que alguns possam afirmar, o Brasil possui capacitação técnica, e características de comportamento coletivo importantes para o sucesso frente a uma catástrofe natural. Cabe a cada setor da sociedade fazer a sua parte coordenando estes recursos e manterndo nossas cidades preparadas para prover a superação frente a adversidade quando isso for requerido.
O
sucesso de um empreendimento tecnológico está associado ao respeito aos
fatores humanos, ambientais, econômicos e sociais que estão sob sua
influência. Bons valores estabelecem a boa Cultura de Segurança !