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MALAYSIAN 370, TERRORISMO E ESPECULAÇÕES


O MISTÉRIO DO MALAYSIAN 370


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O desaparecimento do voo Malaysian 370 é um desafio para os especialistas. Após mais de 30 dias, nenhuma evidëncia objetiva que confirme a queda foi encontrada. Hipóteses, normalmente descartadas nas primeiras horas de investigação ainda se mantiveram "tecnicamente possível", semanas após ao desaparecimento. A seguir, conteúdo completo de entrevista concedida ao Jornas Zero Hora de Porto Alegre, RS sobre o tema.

Há possibilidade de as informações de satélite que levam as equipes de busca ao sul do Oceano Índico estarem erradas e de o avião não ter caído lá?

R. Após um mês do desaparecimento da aeronave não existe nenhuma evidência objetiva sobre o que aconteceu com a mesma. Em termos de engenharia de gerenciamento de riscos, “evidências objetivas” são provas materiais , fatos comprovados cientificamente, que descartam as demais possibilidades, restringindo o andamento da investigação a um universo menor de cenários. Embora tenhamos informações obtidas por análises de dados de satélites e radares, estas informações não tem sido confirmadas ao longo das buscas. Hoje elas representam os indícios do que mais provavelmente tenha acontecido, mas não existe ainda nenhuma evidência objetiva sobre isso. Além disso, os dados já obtidos, só permitem hipóteses incompletas onde as perguntas mais importantes continuam totalmente sem respostas.

Quais hipóteses ainda deveriam estar sendo consideradas?

R. São muitas as hipóteses para o DESAPARECIMENTO. Mas todas podem se enquadrar numa das 2 principais linhas de raciocínio:

1 - NÃO INTENCIONAL (muito mais provável):
 
Nesta hipótese o avião caiu e ninguém a bordo queria isso. Mesmo que fosse um atentado terrorista, na hipótese NÃO intencional, alguma coisa deu errado levando o avião a cair. Neste caso algum vestígio seria encontrado ou então, num caso raro, o avião caiu no mar com ângulo de incidência tal que o levou para as profundezas. Ou ainda caiu em terra em local remoto não investigado. Existem casos anteriores desse tipo, inclusive no Brasil com um avião cargo que desapareceu há cerca de 3 décadas no oceano Pacífico, até hoje sem qualquer informação sobre o que aconteceu. Também existe o caso famoso de um avião que caiu na década de 70 na região argentina da cordilheira dos Andes, e só foi localizado 72 dias depois com sobreviventes que precisaram de comer carne humana durante o período de isolamento.

2 - INTENCIONAL

Neste caso, supõe-se que havia a intenção de fazer o avião desaparecer. Para isso os pilotos teriam sido aliciados como parte de um plano para tornar a aeronave invisível e levá-la para uma pista clandestina para cumprir algum objetivo. Por exemplo, sendo "imaginativo", poderia até haver uma infraestrutura pronta para preparar o avião roubado para um possível grande ataque terrorista. Os passageiros não seriam um problema intransponível. Um atentado assim exigiria anos anteriores de preparação e logística, como aconteceu no caso do 11 de setembro. Por isso torna-se importante encontrar alguma evidência sobre a queda do avião para eliminar essa hipótese cinematográfica, mas não totalmente impossível. Parece louco, mas tecnicamento isso seria possível. Quando investigamos um acidente, principalmente no início da investigação ainda sem informações, fazemos um exercício lógico. Nesse exercício nós nos permitimos "imaginar" quase tudo e descartar o que for impossível. A surpresa é que uma ação terrorista gravíssima como essa, não conseguiu ser descartada mesmo semanas depois do desaparecimento. Se realmente existisse um plano como esse, o avião da Malaysian roubado poderia ser escondido e preparado por meses. Depois "rouba-se" da mesma forma um outro avião em vôo (por exemplo com destino a USA) e coloca-se o aparelho da Malaysian no lugar dele, com o transponder preparado para enganar a todos os controladores de tráfego. Sobre o espaço aéreo do alvo do ataque terrorista, mesmo que esse avião "pirata" preparado fosse abatido o ataque teria sucesso, dependendo da carga explosiva, biológica ou nuclear. É apenas uma possibilidade, daquelas sobre a qual nada se afirma enquanto não exista um indício.

Que medidas de segurança deveriam ser repensadas após esse episódio?

O acidente com o Boeing da Malaysian Airlines intensifica uma preocupação que já existia em relação à segurança aérea: até que ponto os pilotos, co-pilotos e comissários podem deliberadamente causar um acidente aéreo intencional ? Apesar de todo o treinamento e experiência, uma tripulação poderia ser aliciada para desviar uma aeronave, roubando-a para entregá-la a terroristas ? Qual deve ser a amplitude dos fatores humanos (fatores que induzem ao erro humano) a ser considerada na formação e aprovação de pilotos comerciais ? Aspectos culturais envolvendo suas crenças e origem devem ser considerados ou isso seria um preconceito ?

Mesmo que o Boeing da Malaysian Airlines tenha caído e seja encontrado nas pronfudezas do oceano Índico, por mais de 30 dias estas questões tem perturbado os investigadores e os especialistas. Por isso deverão merecer mais atenção daqui para frente, talvez trazendo mudanças principalmente quanto ao acompanhamento da vida pessoal de pilotos, co-pilotos e tripulação em relação a questões que extrapolam e muito as atividades de suas vidas profissionais. Isso pode gerar muita polêmica. Mas realizando dezenas e centenas de vôos, estes profissionais são responsáveis pela segurança de milhares de vidas, sendo eles mesmos sujeitos aos problemas pessoais, emocionais e opiniões ideológicas como qulquer ser humano.


O sucesso de um empreendimento tecnológico está associado ao respeito aos fatores humanos, ambientais, econômicos e sociais que estão sob sua influência. Bons valores estabelecem a boa Cultura de Segurança !