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ACIDENTE DE ORIGEM EXTERNA: METEOROS E METEORITOS



COMO SE PROTEGER CONTRA UMA

QUEDA DE METEORO OU METEORITO ?

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CLASSIFICAÇÃO DO ACIDENTE

Acidentes envolvem sempre algum componente de imprevisibilidade e surpresa. Quase sempre não é apenas uma mas são várias causas que contribuem para que um acidente ocorra. Para que os acidentes possam ser evitados, os investigadores buscam em seus relatórios a identificação da chamada causa raíz, aquela que foi a mais decisiva para que o evento chegasse às consequências indesejáveis com vítimas, perdas ambientais e materiais. Neste contexto, uma estratégia importante é classificar os acidentes para permitir o estudo das medidas de proteção conforme os pontos de semelhança entre cada causa raíz.

Existem várias formas de classificar acidentes. Basicamente podemos classificá-los quanto sua origem da seguinte forma:

  • Origem Operacional: quando a origem está numa ação operacional errada.
  • Origem de Projeto: quando a origem está num erro de projeto ou conceitual.
  • Origem de Construção e Montagem: quando a origem está num erro ocorrido durante a construção ou montagem.
  • Origem de Manutenção: quando os cuidados necessários para manter equipamentos e instalações em conformidade com o projeto original não são cumpridos originando o acidente.
  • Origem Externa: quanto uma influência completamente alheia ao escopo do projeto é a causa que origina o acidente. A origem externa pode ser, por exemplo, uma catástrofe natural (terremoto, enchente, furacão, raios, meteoritos, etc) ou um ato hostil (sabotagem, queda intencional ou não intencional de aeronave, ataque militar, atentado terrorista, etc).  

 

ACIDENTE DE ORIGEM EXTERNA

No caso das consequências geradas por um meteoro que invade a atmosfera terrestre, ou um meteorito que atinge o solo terrestre, a classificação imediata é como um acidente de origem externa. Um exemplo clássico, similar, de acidente de origem externa é a descarga atmosférica ou raio. O Brasil é o país do mundo que possui a maior incidência de raios. Mesmo nos países onde os raios não acontecem com tanta frequência, ainda assim os danos causados por uma descarga atmosfera são considerados tão elevados que tornam obrigatório o uso de equipamentos de proteção como para-raios.

Também existem proteções contra terremotos, maremotos, furacão mas estas são incluídas nos projetos quando a frequência destes eventos as justificam. Na realidade a decisão sobre incluir um sistema de proteção contra um tipo de acidente de origem externa irá depender da conjugação de dois fatores principais: a frequência de ocorrência do evento e as suas possíveis consequências.

ANÁLISE DE RISCOS

Utilizando ferramentas de análises de riscos, os especialistas primeiro identifcam os potenciais cenários e perigos que podem ocorrer ao longo da vida útil do projeto. Através de uma matriz de classificação de riscos os especialistas identificam aqueles cenários que ocorrem com maior frequência e/ou aqueles com consequências muito severas e catastróficas. Os perigos e cenários, uma vez identificados,  passam a ser estudados pelos   engenheiros com o objetivo de desenvolvimento de meios de proteção que possibilitem a redução das consequências destes acidentes. O perigo propriamente dito muitas vezes é impossível de ser evitado, pois este pode ser de origem externa, estando fora do controle dos engenheiros e projetistas.  O alvo dos especialistas em relação aos acidentes de origem externa é minimizar as suas consequências.


 

METEOROS E METEORITOS

A freqência de acidentes com fatalidades, feridos, danos materiais e ambientais por eventos devido a meteoros e meteoritos é muito baixa. Embora possamos dizer que se um único objeto de origem espacial, com um tamanho significativo pode até destruir o planeta, a frequência desse evento é baixíssima considerando-se os padrões de análise atuais.

Outros fenômenos igualmente fora do controle do ser humano como descargas atmosféricas (raios), terremotos, maremotos, enchentes recebem tratamento mais rigoroso por parte da engenharia por causa de sua frequência significativa. Com relação aos meteoros e meteoritos, o fenômeno ocorrido em fevereiro de 2013 serviu para estabelecer mais um registro. O meteoro que atingiu a Rússia foi mais uma ocorrência para compor as estatísticas e lembrar que apesar da baixa frequência, dependendo do tamanho do objeto, as consequências podem ser inaceitáveis merecendo tratamento adequado por parte dos engenheiros gerenciadores de riscos.

Isso já acontece no caso de proteção contra terremoto nas usinas nucleares, mesmo em locais onde não haja frequência significativa deste tipo de fenômeno. Também podemos citar o caso das inúmeras medidas de segurança anti-terrorismo após a queda do World Trade Center em New York. O ato terrorista é um típico acidente de origem externa, embora não seja uma catástrofe natural. Assim também como os atos de sabotagem. Outro exemplo é o projeto estrutural de plataformas de petróleo que operam em alto mar. Elas são projetadas para resistir às chamadas ondas centenárias (as maiores possíveis em 100 anos). Usinas nucleares também são protegidas contra queda intencional ou não intencional de aeronaves. Mesmo os projetos de usinas nucleares datados de antes de 11 de setembro de 2001 já consideravam esse nível de proteção e para isso algumas usinas nucleares possuem uma contenção externa com cerca de 70 cm de concreto especial e mais outra contenção com 2,5 cm de espessura, de aço, para proteger as partes vitais de acidentes com liberação de material radioativo.

Evidentemente, cada proteção a mais representa custo e, muitas vezes, um custo inviável. Quanto aos riscos devidos a meteoros e meteoritos, o que a engenharia de gerenciamento de riscos tem a oferecer é a análise de todos estes fatores relacionados com a frequência e a severidade destes fenômenos naturais e assim tratar o tema dentro do realismo em termos de engenharia, viabilidade econômica e dados históricos. Na proximidade de ocorrência dos eventos acidentais envolvendo meteoros e meteoritos, a tendência natural é de se investir em estudos e em sistemas de proteções. Com o afastamento temporal das ocorrências destes fenômenos, a tendência é considerar as estatísticas, equilibrar os custos e benefícios e acima de tudo, considerar o fato inegável de que os riscos, ainda que com suas consequências bem tratadas, jamais estarão completamente eliminados de nenhuma atividade humana. Neste momento, quando recentemente ocorreu um impressionante evento acidental originado por um meteoro, muitas iniciativas e ideias poderão ser alvo de estudos e avaliações por parte das autoridades e especialistas. Mas a sustentação econômica de projetos de sistemas de proteção contra meteoros e meteoritos, bem como sua construção e montagem, precisarão resistir aos longos períodos sem acidentes desse tipo até serem efetivamente implementados.

O sucesso de um empreendimento tecnológico está associado ao respeito aos fatores humanos, ambientais, econômicos e sociais que estão sob sua influência. Bons valores estabelecem a boa Cultura de Segurança !